Também foi pedido que a CBF seja multada em R$ 460 mil se descumprir a ordem

Depois da Justiça arquivar o caso e decidir não aplicar multa à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no processo que questionava o fato de nenhum jogador da seleção brasileira usar a camisa de nº 24 na disputa da Copa América, o “Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT” iniciou um novo processo, agora exigindo que o volante Douglas Luiz use a camisa 24 ao invés da 25 na final da Copa América, neste sábado, contra a Argentina.
Na ação, o “Grupo Arco-Íris” pede que seja concedida liminar que obrigue a CBF a mudar o número do uniforme de Douglas Luiz para a última partida da competição sul-americana, que acontecerá às 21h (de Brasília), no Maracanã.
Também foi pedido que a Confederação seja multada em R$ 460.000,00 se descumprir a ordem, caso a liminar seja concedida até a hora do jogo, e faça um “pedido público de desculpas” por ter promovido uma “posição institucional discriminatória” sobre o imbróglio da camisa 24 durante a Copa América.
O caso começou na semana passada, quando o “Grupo Arco-Íris” entrou com ação contra a CBF para que a entidade justificasse por que nenhum atleta usa o número 24 na seleção.
O juiz Ricardo Cyfer, da 10ª Vara Cível do Rio de Janeiro, concedeu liminar favorável, determinando que a Confederação respondesse cinco
questionamentos feitos pelo “Grupo Arco-Íris” em até 48 horas. Caso não se posicionasse, a entidade desportiva rereceberia multas diárias de R$ 800.
Após ser notificada oficialmente, a CBF respondeu por meio de seus advogados e afirmou que a decisão de não ter um camisa 24 na Copa América foi “desportiva” e “por mera liberalidade” do meio-campista Douglas Luiz, que usa o uniforme 25, e da comissão técnica (veja a resposta completa no pé da matéria).
A CBF convocou 24 jogadores para a Copa América e quebrou a ordem numérica apenas uma vez, pulando do 23 para o 25
“[…] A comissão técnica sentiu-se confortável em convocar apenas mais um jogador, além dos 23 inicialmente inscritos, e, para esse jogador, em razão de sua posição (meio-campo) e por mera liberalidade, optou-se pelo número 25. Como poderia ter sido 24, 26, 27 ou 28, a depender da posição desportiva do jogador convocado: em regra, numeração mais baixa para os defensores, mediana para volantes e meio campo, e mais alta para os atacantes”, escreveu a Confederação, em trecho de sua resposta.
A CBF ainda afirmou que quem é responsável pela deliberação dos números da equipe é a “comissão técnica da seleção brasileira de futebol”, e que o “responsável pelo departamento é o coordenador Sr. Oswaldo Giroldo Júnior (‘Juninho Paulista’)”.
Além disso, no texto enviado à Justiça, a Confederação cita que fez várias campanhas com motes LGBTQIA+ em suas redes sociais.
Após a resposta, o magistrado decidiu arquivar o caso na última segunda-feira. O “Grupo Arco-Íris”, porém, seguiu na briga, fazendo um questionamento à Fifa sobre o tema, na última terça-feira, e agora entrando novamente na Justiça para tentar mudar o número de Douglas Luiz.
O Brasil é o único time que não tem um camisa 24 na competição, enquanto todas as outras seleções inscreveram um atleta com essa numeração.
No caso do time canarinho, a contagem “pula” do 23 (Ederson) para o 25 (Douglas Luiz).
Vale lembrar que, no Brasil, o 24 está associado ao veado no Jogo do Bicho, o que faz com que o número tenha conotação homofóbica.
ESPN
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