Vladimir Putin, o ditador da Rússia, justificou a invasão da Ucrânia, dizendo que era preciso também “desnazificar” o país vizinho — uma mentira, visto que os ucranianos vivem sob um regime democrático e que respeita as minorias, o próprio presidente ucraniano é judeu. O cinismo de Vladimir Putin fica ainda mais evidente depois que se assiste ao extraordinário documentário francês Wagner, o Exército das Sombras de Putin, realizado pelas jornalistas Ksenia Bolchakova e Alexandra Jousset. O filme, exibido no canal France 5, mostra como funciona a força mercenária Wagner, da Rússia, que tem como fundador um nazista: Dimitri Outkine (foto). Admirador de Adolf Hitler, ele tem nos ombros, próximas ao pescoço, duas tatuagens com o símbolo da SS, a tropa de elite encarregada da “Solução Final” contra os judeus. Uma terceira tatuagem, no peito direito, traz a águia do Terceiro Reich. O nome da força mercenária é homenagem ao compositor Richard Wagner, o preferido de Hitler. Sim, Vladimir Putin, que diz querer “desnazificar” a Ucrânia, tem um neonazista que faz serviços sujos para ele.
O ditador russo sempre negou qualquer ligação com os mercenários da Wagner, mas se trata de mais uma mentira dele. O nazista Dimitri Outkine, mostra o documentário, é frequentador do Kremlin — há imagem dele numa recepção na sede do governo russo — e foi condecorado por Vladimir Putin. A Wagner conta com 10 mil homens e 400 deles se encontram hoje na Ucrânia. Desde 2014, quando a Crimeia foi invadida, eles perpetram ações desestabilizadoras no país vizinho, em especial nas regiões separatistas de Donbas, cuja “independência” foi recentemente reconhecida por Vladimir Putin. Uma das missões da Wagner na Ucrânia é assassinar o presidente Volodymyr Zelensky.
A Wagner é teoricamente financiada pelo oligarca russo Evgueni Prigojine, um ex-gângster de São Petersburgo que fez fortuna com contratos governamentais. Ele mantém estreitas ligações com Vladimir Putin e dá uma fachada privada à Wagner. Como é possível verificar pelo documentário, a força mercenária é, na verdade, um braço clandestino do exército russo, que promove ações ilícitas em outros países. Além da Ucrânia, a Wagner está presente na Síria, na República Centro-Africana, na Líbia e no Mali. Na África, a sua prioridade é estender os seus tentáculos nas ex-colônias francesas. A Wagner faz a segurança do presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadera, e aterroriza quem ousa opor-se a ele. A força mercenária russa praticamente chefia a polícia local, que se mostra impotente para impedir execuções, pilhagens e estupros. A Wagner também está envolvida na exploração de minas de diamantes da República Centro-Africana.
Os integrantes da força mercenária utilizam armas e equipamentos do exército da Rússia e, na Líbia, chegaram a ser acompanhados por caças Mig. Eles são recrutados entre militares da reserva — o fundador Dimitri Outkine era soldado do exército russo — e jovens atraídos por clipes na internet que mostram a Wagner como opção para quem quer levar uma vida de aventuras, combater terroristas, destruir o Ocidente e, não menos importante, fazer dinheiro. Algumas cenas são da mais abjeta selvageria, com mercenários rindo de corpos de gente morta, calcinada e estraçalhada por eles.
O documentário Wagner, o Exército das Sombras de Putin levou um ano para ser feito e é trabalho de excelência jornalística, fartamente documentado e que tem o testemunho de um ex-integrante da força mercenária, veterano da guerra na Síria. As suas realizadoras foram ameaçadas de morte, mas não se intimidaram. Ao final, não resta dúvida de que a Wagner é uma espécie de SS de Vladimir Putin, o ditador cínico que quer “desnazificar” a Ucrânia democrática e conta com uma força mercenária fundada e chefiada por um neonazista.
Com informações de O Antagonista
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